sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Ciências. Saberes e Práticas


BACHARELADO  INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS



“Estudo  para elaboração de diagnósticos ambientais ao impacto da intervenção humana e a pressão do turismo de massa sobre os ecossistemas no município de Porto Seguro, Bahia”

                                                            
                                             Docente: Prof. Dr. Sílvio Sasaki                                                                
                                         Discente: Mariene Nunes de Campos
                                                       

                 
                                                         RESUMO

No Componente Curricular Ciências Saberes e Práticas que se apresenta no primeiro período aos acadêmicos da UFSB, iniciantes em Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e todo seu complexo  vasto leque, vários saberes epistemológicos se entrelaçam e no intuito de fomentar a integração entre os mesmos, áreas diversas convergem, dentro de um  objetivo comum: conhecer o território delimitado, tras em pauta, o Município de Porto Seguro, sob a ótica da Ciência. Sendo assim, no presente trabalho, o propósito foi desenvolver o olhar acurado que investiga as Ciências da Terra, mais especificamente o solo, lençóis freáticos, gerenciamento de resíduos sólidos no Município de Porto Seguro, Bahia, e, por fim elaborar um diagnóstico em busca de soluções. No tema comum ao todo: O impacto do turismo insustentável  nos ecossistemas locais.

Introdução
 
  Em tela apresentamos diagnósticos ambientais, sob a ótica das Ciências da Terra, dos solos, lençóis freáticos, resíduos sólidos, recifes de corais do Município de Porto Seguro Bahia Brasil. E busca de soluções para tais problematizações.

É no solo que a vida humana está  assentada, dele tira seu alimento, sobre ele constrói seu abrigo, do seu interior e através dele nos cursos d’água,dessedenta todo ser vivente dependente de água e retira materiais diversos, e se o mesmo se degrada pode representar séria ameaça a sua sobrevivência. Além do mais, analisar as formas de relevo e do solo permitem identificar a vocação natural de cada tipo de terreno, conforme suas limitações e potencialidades e consiste num instrumento útil para nortear propostas de planejamento em nível municipal.

Primordiais também os Lençóis Freáticos, Resíduos Sólidos são questões interligadas na ótica das Ciências da Terra, que merecem estar na pauta das grandes questões ambientais locais. Uma vez deteriorados irreversivelmente seria o fim, por exemplo, da atividade turística que é a mola mestra que move a economia local e garante o pão nosso de cada dia da maioria da população. As conseqüências seriam catastróficas!

Nada como se viver num lugar aprazível, salutar, é um direito fundamental na Declaração Universal dos direitos Humanos. Além do tratados  internacionais  em que o Brasil  é signatário para garantir um ecossistema saudável e com recursos como água com potabilidade, florestas, ar respirável  às futuras gerações.


Dos objetivos

 Visando como linha mestra, problematizar e criar soluções que revertam ou minimizem o quadro das prováveis constatações desta mesma degradação observada em pesquisa de campo. Afinal, o laboratório dos iniciados nas Ciências da Terra é o espaço aberto, em que por os “pés no barro”  se torna imprescindível  para constatar os enunciados pesquisados.
       
O grande objetivo específico, uma vez constatado e embasado a probabilidade de risco ou degradação ambiental, é posteriormente divulgar massivamente a mesma, mobilizando a opinião pública para  cobrar-se  das autoridades responsáveis a severa aplicação da lei de crimes ambientais, posto que as mesmas vigentes no País são bastante avançadas e eficazes.
         
Visa ainda sobretudo,  buscar junto da comunidade acadêmica, poder público e coletividade em constatadas degradações, buscar a melhor forma de reverter o quadro de forma efetiv
   
                                       
Metodologia

A metodologia da fotointerpretação como ferramenta de análise se mostra bastante eficiente. Imagens aéreas para geomorfologia e em zoom dos taludes, ravinas, para solo. 

Ao interpretar e elaborar a descrição técnica de imagens, ao olhar se torna mais perceptível as características dos mesmos. E o plus, imput, output, de buscar exemplos que se encaixe em qual seria o procedimento ideal, na pretensa situação X?
         
Outro procedimento, a coleta de solo para posterior análise em 5 pontos desde as falésias até 5 Km adentrando a costa no sentido leste-oeste.
         
Na questão dos resíduos sólidos o procedimento foi seguir um caminhão coletor, observar e documental como a população vem tratando os descartes e no trajeto pensar soluções. 

Entrevista “in off”  com os coletores da limpeza pública da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana e população em geral.    
                                                
A boa e velha revisão bibliográfica.

O que é Diagnóstico ambiental?

 A expressão diagnóstico ambiental tem sido usada com diferentes conotações por órgãos ambientais, universidades, associações profissionais, etc..
                
Contudo, diagnóstico ambiental pode ser definido como o conhecimento de todos os componentes ambientais de uma determinada área (país, estado, bacia hidrográfica, município) para a caracterização da sua qualidade ambiental. Portanto, elaborar um diagnóstico ambiental é interpretar a situação ambiental dessa área, a partir da interação e da dinâmica de seus componentes, quer relacionado aos elementos físicos e biológicos, quer aos fatores socioculturais. Silva (2000).

 A caracterização da situação ou da qualidade ambiental (diagnóstico ambiental) pode ser realizada com objetivos diferentes. Um deles é servir de base para o conhecimento e o exame da situação ambiental, visando traçar linhas de ação ou tomar decisões para prevenir, controlar e corrigir problemas ambientais (políticas ambientais e programas de gestão ambiental). Silva (2000)
                  
No estudo solicitado, no componente curricular: Ciências: Saberes e Práticas, pretende-se numa ação interdisciplinar, elaborar diagnósticos,  no qual se solicita 3 temas. Sob a ótica das Ciências da Terra, contexttualizados, se delimita nossa pesquisa, para tal a conceituação da mesma torna-se preciso. Bem como outros fundamentos como os abordados acima.
    

                                                   GEOMORFOLOGIA
                                                FOTOINTERPRETAÇÃO


   Imagem :www.mundi.com.br/Fotos-Porto-Seguro-2710226.html
                               
Conforme publicação do Programa de Informações para Gestão Territorial/GATE, desenvolvido pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil, elaborado por Marcelo Eduardo Dantas, Antônio Ivo de Menezes Medina  e Edgar Shinzato temos que:
         
A geomorfologia caracteriza-se pela presença de três unidades morfoesculturais: Superfície Pré-Litorânea; Tabuleiros Costeiros e Planícies Flúvio-Marinhas. Na imagem acima estão bastantes visíveis as respectivas unidades morfoesculturais.


                               Superfície pré-litorânea. Acima das falésias os Tabuleiros Costeiros

    
                                        Planícies Flúvio-Marinhas e formação Recifal                                              
        
A maior parte é ocupada pelos tabuleiros costeiros, sustentados por rochas e sedimentos pliocênicos do grupo Barreiras. As superfícies tabulares dessa unidade são delimitadas por rebordos escarpados de falésias e vales encaixados em forma de “U”, com declives, em geral, acentuados. (SAADI)

A unidade de superfície pré-litorânea de relevo colinoso, coincide com o domínio das rochas do embasamento précambriano na porção oeste da área. As planícies flúvio-marinhas (complexos praiais, estuarinos e aluviais) são constituídas por sedimentos quaternários, depositados no intervalo de tempo entre o Pleistoceno Superior e o Holoceno. (SAADI).
        
A título de curiosidade científica: na linha do tempo geológico, corresponde a O Éon Pré-cambriano  o conjunto de modificações em que o Planeta Terra passa na qual proporcionou diversas características da Terra, como a formação dos oceanos, da lua, de muitos minerais, de sua oxigenação, da formação de algumas vidas multicelulares e das placas tectônicas. . Ele se estende desde a formação da Terra cerca de 4,6 bilhões de anos atrás até ao início do Período Cambriano, cerca de 541,0 ± 1,0 Ma, quando os animais macroscópicos de carapaça dura apareceram pela primeira vez em abundância.

As épocas do Pleistoceno e Holoceno, são classificadas por alguns em um período distinto do Neógeno, chamado Quaternário. Essa divisão por alguns e não por outros se dá porque não há diferenciação entre os sedimentos marinhos do Neógeno e do Quaternário, mas há entre os sedimentos terrestres.

No pleistoceno (1,5 bilhões de anos até 12 mil anos) a Terra já é bem semelhante a atual, porém passa por períodos de glaciação, aonde as calotas polares se estendem até as regiões próximas dos trópicos (períodos conhecidos como "eras do gelo"), intercalados por períodos mais quentes. A última dessas "eras do gelo" terminou em torno de 12.000 anos atrás dando início ao Holoceno, que é a época em que vivemos atualmente, e extinguindo os animais que se adaptaram a viver com essas eras do gelo. Dentro desse período geológico se deu a Geogênese da região investigada.

Cenozoico na divisão da escala de tempo geológico, se iniciou a 65 5 milhões de anos e se estende até a atualidade. O princípio da Era Cenozoica marca a abertura do capítulo mais recente da história da Terra. O nome desta era provém de duas palavras gregas que significavam "vida recente". Durante a Era Cenozoica, a face da Terra assumiu sua forma atual. Houve muita atividade vulcânica e formaram-se os grandes maciços montanhosos do mundo, como os Andes, os Alpes e o Himalaia. A vida animal transformou-se lentamente no que hoje se conhece.

Formaram também no cenozóico as neotectônicas as quais estão assentados os tabuleiros costeiros do sul da Bahia. Ocorreram ainda as grandes glaciações, surgindo novas espécies de vida. Já no fundo dos oceanos, houve o aparecimento de dorsais,cadeias de montanhas que são formadas nas zonas aonde as placas dos continentes se separam, como as do Mesoatlântica que separam a placa Sul americana da africana, de direção divergente, estão se distanciando.


Essa família de falhas é, também, muito representativa da organização estrutural da região, apesar de possuir traços morfológicos com expressão menos acentuada.

Na realidade, trata-se, a maior parte das vezes, de feixes de falhas e/ou fraturas com direções variando direções e de largura muito variável. Freqüentemente, o feixe é caracterizado por uma ou duas falhas principais, relativamente bem marcadas na morfologia, associadas a uma série de lineamentos curtos, mas extremamente repetitivos. (NEOTECTÔNICA Por Allaoua Saadi).

É notável a assimetria dessas bacias de drenagem e o padrão divergente da rede de drenagem em relação aos vales tectônicos.



                              

 “O vale do rio Buranhém como vale alargado e alinhado indicando adaptação a falha, com basculamento, demonstrado pelo escarpamento de sua margem esquerda onde a drenagem é dirigida naquele sentido, integrando outra bacia”. Trocando em miúdos:  Tudo isto ai que se vê é o “quintal” do Rio coexistindo com o território do  assentamento humano de Porto Seguro"

Os vales desses rios são muito largos, com talvegues planos, alinhados e profundos, indicando adaptação a estruturas de "grabens" e fraturas de origem neotectônica (Saadi, 1998).
     
 A formação de um graben resulta do afundamento relativo de um bloco, formando uma estrutura que se distingue dos vales de origem erosiva pela presença de escarpas de falha em ambos os lados da zona deprimida. Dada a sua origem tectônica, os grabens estão frequentemente associados a estruturas complexas onde se alternam as zonas deprimidas (os graben) e as zonas levantadas (os Horst), em faixas com relativo paralelismo. Os grabens são estruturas que compõem grande parte das bacias sedimentares do mundo.

Em contextos geotectónicos alargados (isto é em estruturas com centenas ou milhares de quilómetros de extensão) os grabens são por vezes designados por vales de rift (ou, aportuguesado, de rifte). (NEOTECTÔNICA Por Allaoua Saadi).
       
Há ainda a ocorrência de basculamentos de blocos nas proximidades da cidade de Porto Seguro, onde rios, cujas nascentes se localizam próximo ao vale do rio Buranhém, não pertencem a sua bacia, vindo a ser afluentes do rio João de Tiba, localizado a norte.    
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Outro tipo de feição é a própria geometria dos vales dos rios que, a exemplo do Buranhém e Jucuruçu, cortam os tabuleiros dentro de “vales largos e profundos, com talvegues chatos preenchidos por aluviões, onde os cursos divagam formando meandros”
     
 Meandro é uma curva acentuada de um rio que corre em sua planície aluvial e que muda de forma e posição com as variações de maior ou menor energia e carga fluviais durante as várias estações do ano. Meandros são típicos em planícies aluviais (topografia madura), mas podem ocorrer de forma mais restrita, também, em outras condições como sobre terrenos sedimentares horizontalizados.
    


Alongamos na geogênese, de como se formou a área de estudo devido à sua relevância na formação da geomorfologia configurada atualmente, que caracterizam a formação da rede pluvial, relevo, a Mata Atlântica de tabuleiro. Área esta sendo desde há muito, objeto de estudos dos pesquisadores pela sua singularidade.

A singularidade da geomorfologia de Porto Seguro, pode trazer também um novo tipo de turismo o "turismo de pesquisa Geológica", de há muito divulgado, como na  CIÊNCIA HOJE • vol. 26 • nº 153, 1999, o qual trancrevemos um trecho:

[...] "A idade do derrame de lavas de Pitinga não pode ser determinada por métodos radiométricos (que fazem a datação pelo decaimento radioativo de certos elementos) porque a composição da rocha, provavelmente um basalto, não é mais a original. Em alguns casos, a idade de rochas magmáticas encontradas junto ao litoral pode ser definida por associação com derrames próximos dentro do continente. A área de Pitinga, porém, está afastada de outros derrames, embora seja contígua a um banco (elevação no fundo do mar) rochoso, provavelmente de origem magmática, que bordeja a costa no sul da Bahia, a baixa profundidade. No entanto, esse banco (denominado Royal Charlotte) também não tem sua idade determinada, o que impossibilita uma associação temporal com as lavas. Aparentemente, as estruturas existentes na praia estão intercaladas nas rochas da formação Barreiras, o que permite estimar que teriam surgido do Terciário Superior (há cerca de 20 milhões de anos) até possivelmente o Pleistoceno (2 milhões de anos). Confirmando-se essa estimativa, esse derrame seria o único conhecido, nesse intervalo de tempo e na parte continental do país, o que o torna muito interessante. O fato de apresentar fluxos de espessura pequena, túneis e tubos revela ainda que esse derrame ocorreu quando o nível do mar era mais baixo e a linha de praia estava afastada de sua posição atual." 

 Ao enfocar mais especificamente o litoral baiano, deve-se relembrar os trabalhos que forneceram argumentos sobre feições ou efeitos localizados e/ou específicos da atividade neotectônica, NEOTECTÔNICA Por Allaoua Saadi Dentre outros, sobressaem os de King (1956), Tricart (1957), Howard (1962) e Tricart & Silva (1968) sobre a causa tectônica do afogamento plio-pleistocênico da baía de Todos os Santos; Hartt (1870). É pano para manga!!!



Mirante do Ninho da Águia Arraial d'Ajuda Porto Seguro

 Pela foto interpretação podemos perceber no mirante do ninho da águia o Graben e o Rift do Rio Buranhem, em outras palavras o quintal do Rio, sua margem pequena o leito em que corre e sua margem grande, a bacia  por onde o Rio tem seu sistema de  drenagem. Do de ponto vista geológico não é o Rio que invade nosso quintal, nós é que invadimos o quintal do Rio.Toda essa área em que corre o Rio até sua Foz é portanto, passível de alagamento. 

                                                                       SOLO




                             http://programas.inema.ba.gov.br/sigbiota/iesb/Sig/PROBIO_HTML/Solos/solos.JPG

Talude da ladeira da Santa, Arraial d'Ajuda
Conforme exposto anteriormente, foram coletadas amostras de solos de cinco pontos no sentido leste oeste, litoral centro.


O solo faz parte integrante de qualquer construção, afinal é ele que dá sustentação ao peso e também determina características fundamentais do projeto em função de seu perfil e de características físicas como elevação, drenagem e localização. No que tange à mecânica dos solos, é é importante conhecer os três tipos básicos de solos: arenoso, siltoso e argiloso.

Para efeito prático de uma construção, é preciso conhecer o comportamento que se espera de um solo quando este receber os esforços. Para tanto, a Mecânica dos Solos divide os materiais que cobrem a terra em alguns grandes grupos: 

• Rochas (terreno rochoso); 

• Solos arenosos, 

• Solos siltosos, e 

• Solos argilosos. 

Esta divisão não é muito rígida, ou seja, nem sempre (quase nunca...) se encontra solos que se enquadram em apenas um dos tipos. Por exemplo, quando dizemos que um solo é arenoso estamos na verdade dizendo que a sua maior parte é areia e não que tudo é areia. Da mesma forma, um solo argiloso é aquele cuja maior proporção é composto por argila. 



Vale ressaltar que na falta de um laboratório as análises foram feitas de forma a abservação à vista desarmada e cruzamento de dados. Na ausência de recursos técnicos.






Os solos, na área em tela,  são bastante desenvolvidos e lixiviados, predominando os Podzólicos Amarelos e os Podzóis, sobre os tabuleiros costeiros e os Latossolos Vermelho-Amarelo e Vermelho-Escuro, sobre os terrenos cristalinos; e solos Aluviais, Gleis e Areias Quartzosas Hidro-mórficas sobre as planícies flúvio-marinhas (Cavedon & Shinzato, 2000).

 LADEIRA DO MUCUGÊ




Talude de mais de 80º, o recomendado é 45' , borda lateral da estrada do mucugê, solo lixiviado, argilo arenoso, carece fazer muro de arrimo. Sob risco deslizamento.

Ladeira do Mucugê
                                                    LOCAL 2: LADEIRA DA SANTA





De natureza areia argilosa,  mais argila do que areia, o solo da ladeira da Santa,  bastante modável e coeso, baixa capacidade de percolomento, mas uma vez encharcado vira um sabonete na água... Foi devidamente protegida de deslizamentos com a construção de sistema de drenagem de águas pluviais e muro de arrimo para contenção de encosta além de revegetado.







Talude da Estrada Arraial/ Vale Verde, em frente a ladeira do São José, margem esquerda sentido Arraial/Vale Verde. Latosolo. Solo mais estável para se trabalhar com fundações.

São solos em geral profundos, velhos, bem drenados, baixo teor de silte, baixo teor de materiais facilmente intemperizaveis, homogêneo, estrutura granular, sempre ácidos, nunca hidromórficos. Podem ser eutróficos (saturação por bases maior que 50%) ou distróficos (saturação por bases inferior a 50%);
São formados pelo processo denominado latolização que consiste basicamente na remoção da sílica e das bases do perfil (Ca2+, Mg2+, K+ etc), após transformação dos minerais primários constituintes. São definidas sete diferentes classes de latossolo, diferenciadas com base na combinação de características com teor de Fe2O3, cor do solo e relação Ki (SiO2/Al2O3).



Corte de via urbana sem critérios técnicos, sem curva de nível...



             Geogênese de ravena. Sem escoamento...Erosão por Imtemperismo Pluvial (água de chuva)


Talude  ladeira de acesso ao bairro São José. medidas adequadas para evitar deslizamentos, muro de arrimo corretos, o mesmo procedimento demandaria executar em locais similares do Município. A inclinação do corte no barranco recomendável não pode ultrapassar 45 graus,  para que não haja riscos de deslisamento. 
     



Intemperismo por chuvas em solo desnudo, deterioração em grau máximo.




Para fins ilustrativos, processo adequado de urbanização de  terreno inclinado, em curva de nível,revegetação do topo e bordas e drenagem pluvial. Condomínio Laranjeiras, Teófilo Otoni, MG. 









Deixando a natureza fazer o que ela faz, se recompõe

Fundo do Campo em Arraial d'Ajuda, o solo se refazendo espontaneamente à medida que se auto-revegeta, a camada orgânica do solo (horizonte O) vai se recompondo. Posto que fora no passado toda área desmatada e terraplanada para construção do antigo "Campo de Pouso". A intervenção humana ai se faz preciso  para extrair espécimes exógenas como o capim braqueara, para dar lugar à vegetação nativa de segunda geração, leguminosas como Fedegoso, e na terceira geração ecológica os antigos campos de Mangaba e Caju.  

Lençóis freáticos





Fonte Sagrada de Nossa Senhora d'Ajuda, 100 metros ladeira abaixo da estação elevatória de captação de esgoto. 

Estudos geofísicos conduzidos por Alexandre C. Monteiro; Milton J. Porsanin CPRM, Divisão de Geofísica, Rio de Janeiro do Centro de Pesquisa em Geologia e Geofísica Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia Campus Universitário da Federação, Salvador, com o método da eletrorresistividade na região de Porto Seguro (BA), objetivando de localizar o aqüífero mais promissor para a exploração de água subterrânea na região.
           
Foram realizadas 60 sondagens elétricas verticais (SEVs) utilizando o arranjo Schlumberger. Destas, 14 foram realizadas para reconhecimento regional; 36 localizaram-se dentro da área de interesse e 10 distribuíram ao longo de um perfil regional ligando as cidades de Eunápolis e Porto Seguro. Estas últimas foram realizadas com o objetivo de delinear o topo do embasamento cristalino entre aquelas cidades.
            
Para auxiliar a interpretação foram utilizados dados disponíveis de perfis litológicos de poços perfurados na região. Utilizando-se as estimativas de espessura e resistividades de subsuperfície  no intuito de  determinar o aqüífero de interesse para a exploração de água subterrânea na região.
             
Formado predominantemente por arenito saturado com água doce e ocupa a porção centro-norte da área com o topo na profundidade a cerca de 80m e espessura não inferior a 70m. Tal aqüífero representa a melhor opção para a captação de água subterrânea no município de Porto Seguro.
             
 É público e notório que a região de Porto Seguro na Bahia recebe um enorme fluxo turístico ao longo do ano. A maior parte da água consumida advém de poços perfurados no principal aqüífero associado à Formação Barreiras, que é a principal unidade estratigráfica da área. Com o objetivo de delinear o topo daquele aquífero usando o método geofísico de eletrorresistividade, tradicionalmente utilizado para a pesquisa de água subterrânea.
             
Sendo impactada a intenso crescimento populacional (condomínios, hotéis, favelas). Trata-se de uma região com problemas de abastecimento de água, visto que os mananciais superficiais estão sendo gradativamente assoreados e/ou poluídos devido a uma ocupação desordenada nas proximidades da cidade.



                          Rev. Bras. Geof. vol.19 no.3 São Paulo Sept./Dec. 2001

                                        MAPA DO AQÜÍFERO PROFUNDO
           Mapa contendo o topo desta "última camada" aqui sendo interpretada como o topo do principal aqüífero desta área. As camadas superiores, que nas SEVs (sondagens elétricas verticais)comportam-se como um pacote com resistividade em torno de 500Wm, também podem conter aqüíferos de interesse secundário para exploração.

                                                         
                                                          DIAGNÓSTICO


O controle da poluição da água é necessário para assegurar e manter níveis de qualidade compatíveis com sua utilização. A vida no meio aquoso depende da quantidade de oxigênio dissolvido, de modo que o excesso de dejetos orgânicos e tóxicos na água reduz o nível de oxigênio e impossibilita o ciclo biológico normal. Ainda que haja um grau de saturação para capacidade autodepurativa do mesmo.
      

A legislação ambiental brasileira - constituída pela Lei 6.938, de 31.08.81, e Resolução Conama  001, de 23.01.86 - conceituou as águas interiores, as superficiais e as subterrâneas como um recurso ambiental, e a degradação da qualidade ambiental, por sua vez, como qualquer alteração adversa desse que os corpos d'água passam a ser de domínio público. MACHADO, P. A. Leme. Águas no Brasil: Aspectos legais. Ciência Hoje, jun. 1995.

        
No caso das águas subterrâneas, seu domínio vai depender das direções dos fluxos subterrâneos e das áreas de recarga (alimentação) e de as obras para sua captação terem sido contratadas pelo governo federal. Em janeiro de 1997 foi, afinal, sancionada a Lei 9.433, que estabelece a Política Nacional de Recursos Hídricos, que incorpora princípios, normas e padrões de gestão de água universalmente aceitos e já praticados em diversos países. (LANNA, A. E. Modelos de gerenciamento das águas. a água em revista. CPRM, mar. 1997.)


Com a ressalva de que vivemos em tempos de "Climate changes", segundo estudo creditado acima, devido aos altos índices pluviométricos nesta região onde não há estação seca durante o ano, é razoável admitir-se que não ocorra problemas de recarga dos aqüíferos.

Pode-se portanto,  propor a perfuração de uma série de poços posicionados sobre a Formação Barreiras na parte central da área, que foi identificada como a mais promissora.
Tais perfurações devem ser seguidas de perfilagem geofísica com o objetivo de maximizar o desempenho dos poços e o aproveitamento do aqüífero. 

Os poços poderiam abastecer a população de Porto Seguro, que no auge da alta estação recebe um fluxo turístico enorme.

Nesse período a água oriunda do rio dos Mangues não é suficiente, e a água dos poços existentes dentro da cidade, segundo informações obtidas no local junto as particularmente aquelas captadas em terrenos antigos e aluviões, o ferro é encontrado com maior freqüência sob a forma de bicarbonato ferroso dissolvido, em águas que devido à ação de filtração lenta através das camadas permeáveis do solo, apresentam-se com baixos teores de cor e turbidez, agressivas (pH baixo), ricas em gás carbônico e com baixo oxigênio dissolvido.

As águas contendo ferro dissolvido na forma de bicarbonato ferroso na ausência de oxigênio são límpidas e de aparência agradável, após contato com o ar, o bicarbonato oxida-se e precipita-se, ocasionando o mau aspecto, conferindo coloração avermelhada à água e outros inconvenientes (sabor "metálico", possibilita ainda o desenvolvimento de bactérias ferruginosas). Como na maioria das vezes o ferro esta presente junto com a matéria orgânica, as águas, em geral, não dispensam o tratamento químico e a filtração. Neste contesto a oxidação com cloro e a filtração direta descendente seguida de coluna de Carvão Ativado Granulado ( CAG ) apresenta-se como alternativa técnica e economicamente viável para adequação destas águas, com teores de ferro da ordem de 1,0 a 4,5 mg / l Fe.

Os testes até então realizados demonstram a eficiência do leito misto areia e CAG para remoção dos compostos indesejáveis gerados pela oxidação com o cloro, sendo necessário o acompanhamento do processo para identificar o ponto de saturação do CAG, os residuais de ferro ( na forma de hidróxido férrico ) são removidos com eficiência da ordem de 80 a 90 % da concentração afluente. (STEPHEN, 1988).


No Brasil muitas regiões convivem com excesso de ferro nas águas subterrâneas,
Assim, as águas subterrâneas constituem importante fonte de abastecimento de água em todo o mundo, tendo-se verificado, nas últimas décadas, uma grande atividade no aproveitamento desse recurso e, como conseqüência, tem ocorrido expressivo incremento nos conhecimentos científicos, tecnológicos e legais na área da hidrogeologia. As águas subterrâneas representam cerca de 95% daquela disponível para consumo humano, sendo mais protegidas da contaminação do que as águas superficiais (PICANÇO, 2002).

Apesar dessa maior proteção dos contaminantes externos, as águas subterrâneas podem apresentar problemas de qualidade, interferindo em seu uso para diversos fins. Dentre esses, um dos mais freqüentes consiste na presença de ferro dissolvido em teores elevados, limitando, algumas vezes, a utilização da água tanto para uso doméstico como industrial.

Apesar do organismo humano necessitar de até 19 mg de ferro por dia, os padrões de potabilidade exigem que uma água de abastecimento público não ultrapasse os 0,3 mg/l. Este limite é estabelecido em função de problemas estéticos relacionados à presença do ferro na água e do sabor ruim que o ferro lhe confere. No sistema de tratamento, a presença de ferro na água pode implicar na sua precipitação nos filtros e/ou no pré-filtro de poços, reduzindo a eficiência.

O ferro é o segundo metal mais comum na crosta terrestre, apenas em menor quantidade que o alumínio. Suas fontes são minerais escuros (máficos) como: magnetita, biotita, pirita, piroxênios, anfibólios e no ambiente natural, a origem desse elemento pode estar relacionada a depósitos orgânicos, detritos de plantas, podendo associar-se a colóides ou húmus, o que dá a cor amarelada à água (CPRM, 1997).

O ferro pode ocorrer sob diversas formas químicas e, freqüentemente, aparece associado ao manganês. Conforme RICHTER E NETO (1991), no Brasil são comuns águas com altos teores de ferro, particularmente aquelas captadas em terrenos antigos e aluviões. Teores elevados de deste elemento são encontrados, com maior freqüência, nos seguintes casos: - Águas superficiais com matéria orgânica, nas quais o ferro se apresenta ligado ou combinado com a matéria orgânica e, frequentemente, em estado coloidal; - Águas subterrâneas (poços, fontes e galerias de infiltração), agressivas (pH baixo, ricas em gás carbônico e sem oxigênio dissovido, sob a forma de bicarbonato ferroso dissolvido); - 

Águas poluídas por certos resíduos industriais ou algumas atividades de mineração. O ferro no estado ferroso (Fe+2) forma compostos solúveis, principalmente hidróxidos. Em ambientes oxidantes o Fe+2 passa a Fe+3 dando origem ao hidróxido férrico, que é insolúvel e se precipita, tingindo fortemente a água. Desta forma, águas com alto conteúdo de Fe, ao saírem do poço são incolores, mas ao entrarem em contato com o oxigênio do ar ficam amareladas, o que lhes conferem uma aparência nada agradável. Assim como o manganês o ferro, ao se oxidar se precipita sobre as louças sanitárias, azulejos, roupas, manchando-as. A precipitação de ferro presente nas águas é a principal responsável pela perda da capacidade específica de poços profundo (ZIMBRES, 2000). 

Segundo CPRM (1997) no corpo humano, o ferro atua na formação da hemoglobina (pigmento do glóbulo vermelho que transporta oxigênio dos pulmões para os tecidos). A sua carência pode causar anemia e seu excesso pode aumentar a incidência de problemas cardíacos e diabetes. A avaliação do ferro nas águas subterrâneas para o consumo humano, se dá em função de suas propriedades organolépticas. DELVIN, et al (1998) afirma que o acúmulo de ferro no fígado, no pâncreas e no coração pode levar a cirrose e tumores hepáticos, diabetes mellitus e insuficiência cardíaca, respectivamente. Ainda MAHAN (2000) afirma que o ferro em excesso pode ajudar a gerar quantidades excessivas de radicais livres que atacam as moléculas celulares, desta forma aumentando o número de moléculas potencialmente carcirogênicas dentro deles.

No entanto por processos de filtragem  são bastante eficientes:  filtro é a solução com elemento filtrante de produto DESFERRIZADOR como carvão ativado. .
       
No que se refere a  testes bacteriológicos, de aferição da qualidade da água dos lençóis freáticos de Porto Seguro, não há referencial técnico sobre o tema.
        

No entanto nos Municípios brasileiros as ações de controle e vigilância da qualidade da água têm sido extremamente tímidas. Muitos municípios e localidades não dispõem de pessoal e de laboratórios capazes de realizar o monitoramento da qualidade da água, do manancial ao sistema de distribuição, tendo, até mesmo, dificuldades em cumprir as exigências da Portaria no 36/1990 do Ministério da Saúde. Segundo a PNSB (1989), das regiões brasileiras, mais uma vez, a Norte dispõe de apenas 32,4% dos municípios com controle bacteriológico da água dos sistemas.
        
A comunidade técnica brasileira já reconhece a chamada “crise da água” e a necessidade de melhorar as ações de vigilância e controle de sua qualidade, em que a revisão da Portaria no 36/1990 do Ministério da Saúde seria um dos passos (REVISTA BIO, 39, p. 1997).
       
Em 1997, em Foz do Iguaçu, durante o 19o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, esse assunto foi extremamente debatido. Para Santos (apud BIO, 1997, p. 40), “o governo não tem condições de negar que a qualidade da água potável merece mais atenção no Brasil”. Segundo ela, “no ano passado (1997) o país gastou R$ 78 milhões com internações em razão das doenças diarréicas”. Para Melo (ibid., p. 41), “falta uma política consistente, com controle social e mecanismos de financiamento, para o controle da qualidade da água”.  ÁGUA E VIDA; ASSEMAE; FUNASA. 1o Diagnóstico Nacional dos Serviços de Saneamento. Brasília: ASSEMAE/FUNASA, 1996.
     
Para concluir a pauta lençóis freáticos, que a UFSB seja um divisor de águas, com as futuras instalações de laboratórios capacitados a aferir a qualidade da água com dados confiáveis. Esperamos que esta publicação seja útil a todos os que trabalham com a vigilância em saúde ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano e com a identificação dos fatores de risco do ambiente que interferem na saúde da população de Porto Seguro num futuro próximo.

Se tomarmos como exemplo a água da fonte sagrada de Nossa Senhora d'Ajuda, veremos que o descaso se faz na construção de estação elevatória de captação de esgoto a menos de cem metros acima da fonte, sem levar em consideração de num nível acima, terreno em declive. A probabilidade de contaminação é óbvia.



RESÍDUOS SÓLIDOS


                               "Aterro Sanitário" Local... Ou lixão em Porto Seguro
                        
 

“Um dos problemas ambientais das cidades contemporâneas é a geração excessiva de resíduos sólidos urbanos (RSU), as sobras da civilização, os restos orgânicos das cozinhas, as embalagens que envolvem os produtos consumidos no dia-a-dia, os pneus e as garrafas de refrigerantes e água mineral” (AZEVEDO, 2004).
      
Considerando as tendências mundiais, a pressão por um meio ambiente mais equilibrado e a consolidação de uma nova realidade sócio-ambiental para o enfrentamento do problema dos resíduos sólidos, faz-se necessário reunir esforços para o conhecimento de medidas que minimizem a geração dos RSU ou destinem os resíduos de forma menos impactante ao meio ambiente.  
       
A Constituição Federal Brasileira no Capítulo VI (DO MEIO AMBIENTE), Art. 225, garante a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, e ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. A Constituição do Estado da Bahia em 1989, no seu Capítulo VIII (DO MEIO AMBIENTE), garante o dever constitucional do Poder Público na defesa do meio ambiente.
     
No Brasil a cultura da Sociedade do desperdício, há um descomunal  atraso no manejo e do reuso dos RSU, talvez pela falsa sensação de abundância dos  recursos naturais.  Dados estarrecedores como o registrado recentemente, apenas 2% dos resíduos sólidos de São Paulo são reciclados, segundo o último Panaroma dos Resíduos Sólidos no Brasil, 2015,  uma noção do quanto de lixo gerado não é reciclado.
        
Infelizmente, se tomamos dados vexatórios de São Paulo, esta realidade é bem mais gritante em Porto Seguro. Conhece-se o grau de civilidade de um povo pelo modo como trata seu lixo e contra fatos não há argumentos,  conforme se pode visualizar nas imagens acima não se pode designar de aterro sanitário o Lixão, já que a destinação dos resíduos sólidos de Porto Seguro se dá de forma totalmente inapropriada, são ignorados etapas como compactação e cobertura de material inerte camada após camada. Ou mesmo é omitido como foi feito o lajeamento isolante de vazamento de material contaminante no solo e lençol freático como xorume e o risco do acúmulo do gás metano, altamente inflamável, posto que não há drenagem de escape para os gases gerados na decomposição do RS, que poderia se transformar em matriz energética ao invés de por em risco a vida humana.
       
A população vizinha ao lixão de Pindorama já fez vários protestos, e conforme matéria datada de 2014 abaixo, temos que:

            Aterro Sanitário de Porto Seguro é visitado (Administração anterior Claudia Oliveira)

                                http://www.portonewsnet.com.br/?mw=noticias&w=7301
                                                                                                                
    
"A equipe da Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Social, no dia 17, visitou o aterro sanitário de Porto Seguro, situado no quilômetro 40 da BR 367, a fim de conhecer a situação das famílias que trabalham naquele local.
      
A ideia foi conhecer as condições de trabalho, além de verificar se ali existe trabalho infantil, bem como identificar famílias que ainda não estão cadastradas no Cad Único, pois a inserção no programa vai garantir a elas o benefício.

A ex-prefeita se preocupa  com as condições de vida dessas famílias, em questões como de saúde, já que trabalham sem nenhum equipamento de proteção, ficando vulneráveis à contaminação de doenças, por isso, pretende-se estudar formas para uma melhor organização no trabalho dos catadores, o que é fundamental para evitar conflitos e manter a ordem.

Seguindo esta orientação, a Secretaria está apoiando os catadores no processo de estruturação de uma cooperativa a ser organizada por eles. "Essa é uma das alternativas para garantir segurança, direitos e dignidade à atividade", diz, acrescentando que novas reuniões serão realizadas com o grupo.

Ao todo são 40 famílias trabalhando em diversos turnos, com atividades voltadas a separar o lixo para comercialização de materiais recicláveis: plástico, papel e metais, incluindo materiais reutilizáveis para confecção de artesanatos."
     
Apropriado se faz trazer a baila deste estudo, a referida reportagem acima, por explicitar a equivocada postura do poder público perante este grave problema sócio-ambiental, e principalmente sanitário, quarenta famílias expostas a todo tipo de contaminação e riscos, em que mesmo sendo bem intencionada a iniciativa,  pesquisamos em minuciosa busca na web a respeito da criação da tal Cooperativa, promessa aos catadores de lixão de Porto Seguro...Que nos desculpem a ironia. Nada foi criado e pela proibição de se adentrar no local, sugerimos visita técnica ao Lixão sob a tutela do UFSB e do Ministério Pùblico.
        
Ora, caso queira o poder público ajudar estas pessoas que vivem no lixão, que se projetem usinas de reciclagem, mas antes seria preciso que o mesmo se predispusesse a implantar  a coleta seletiva,  campanhas maciças de conscientização social e sensibilização coletiva, para que a comunidade portosegurense  passe a destinar corretamente seus resíduos sólidos. 

Outra constatação, a cultura da reciclagem é incipiente em Porto Seguro, ao seguirmos o caminhão de coleta observamos que até mesmo garrafas de vidro  dos bares alta renda da zona nobre,tem como destinação o lixão.
                     

                                                   Arraial d’Ajuda, sem coleta seletiva. 




             Lixo armazenado no bairro São José aguardando coleta incerta, segundo moradores.


Segundo dados da Secretaria de Trânsito e Serviços Públicos  de Porto Seguro tem a peculiaridade de cidade turística, a produção de lixo na alta temporada salta de 120 toneladas dia para 400 toneladas dia, são resíduos reaproveitáveis que uma vez implantados política de coleta seletiva e usina de reciclagem poderiam estar  além de manterem um ambiente salutar, proporcionar renda e dignidade a muitas famílias que vivem do lixo.
         
Ao deparar com os dados do lixo também ser sazonal e saltar de 80 para 420 toneladas/dia na alta temporada, haveria que implantar campanhas maciças junto aos hotéis, restaurantes, agências de turismos e todo o trading turístico na responsabilidade de cada um, inclusive com aplicação de incentivos como um selo de colaborador para sustentabilidade ou mesmo multas aos que não aderissem à coleta seletiva. 
         
Aliás, quando se fala em dados, não temos dados confiáveis, por exemplo: O que acontece com o lixo hospitalar de Porto Seguro? Não há transparência nas informações como o portal da prefeitura não informa.
        
É sabido que o destino do lixo hospitalar é mais um grave problema no Brasil. Das 210 mil toneladas coletadas em 2008, cerca de 80% não tiveram tratamento adequado, segundo Carlos David. “A gente só tratou adequadamente 23%, ou seja, o resíduo hospitalar, além de ser um problema para o meio ambiente, também é um problema de saúde pública porque ele acaba sendo transmissor de várias doenças”, afirmou.

        
O tratamento correto para os resíduos hospitalares, segundo explicou o presidente da Abrelpe, é realizado por meio de três diferentes tecnologias: a desativação eletrotérmica, micro-ondas e autoclave. Em alguns casos, pode também ocorrer a incineração antes deles serem levados levados para os aterros sanitários. (João Carlos David, presidente da Abrelpe, em entrevista à Agência Brasil.)
      
Outro gravíssimo problema é o lixo tecnológico, não há tampouco também uma cultura colaborativa de logística reversa, pontos de coleta, é comum avistar no lixo, toda sorte de componentes eletrônicos, pilhas, baterias, vai tudo para o lixão disfarçado de “aterro sanitário”.
       
                                       

Não há vontade política que incentive iniciativas como a do Sr Paulo "Sucateiro", todos o conhecem assim em Arraial d’Ajuda, imagem acima, ponto de coleta situado na estrada Arraial Vale Verde. Junto a família compra e revende recicláveis de Alumínio e outros metais, Pets, papelão,  há mais de 10 anos.  Sem nenhum tipo de apoio técnico e financeiro.
        

O terreno em que armazena os materiais é a céu aberto e sem proteção do solo. Propomos a Sr Paulo há dois anos elaborarmos um projeto já  em adiantado estágio  para adequação do terreno e implantação de uma Usina de Reciclagem de pequeno porte, 50 toneladas/dia.
          
Já em sua fase final, em que se planeja fazer uma visita técnica ao projeto, “case” de sucesso implantado em Itamarajú , a menos de 200 km de Porto Seguro, de usina de reciclagem e uma estratégia para incentivar a cultura da coleta seletiva da população com a criação da moeda verde, troca recicláveis por bônus resgatáveis em vária empresas parceiras como supermercados, papelarias, farmácias, lanchonetes e etc.
        
Dispusemos o projeto gratuitamente, não pudemos ainda fazer a visita técnica a Itamarajú para complementarmos a mesma. Quem sabe agora se a UFSB  entrar como parceira para finalmente sair do papel a tão sonhada Usina de Reciclagem em Arraial d’Ajuda?

O levantamento da maquinaria, galpões, impermeabilização do solo, estão finalizados, mas quando se trata de projetos para financiamento, vários parâmetros técnicos e jurídicos devem ser seguidos a risca sob o risco de ser rejeitado.
      
As limitações são inúmeras, mas surge no horizonte uma nova esperança, a chegada da UFSB a Porto Seguro, que terá como cerne as Ciências Ambientais e à medida que for se deparando com estas iniciativas poderão prestar suporte técnico para que Pessoas como o Sr Paulo, tenham as ferramentas de trabalho que demanda a atividade. O terreno ele já tem, um caminhão de médio porte, e empresas como a Gerdau que uma vez por mês recolhe em seu caminhão os metais coletados.
      
Há incentivos fiscais para empresas que investem em empreendimentos ambientais. Hora então de partir para ação!
     
Durante a execução desta pesquisa tivemos a grata surpresa de saber que um empreendimento ambiental recolhe para reciclagem de 10 a 12 toneladas mês  de óleo de cozinha que se transformam em bio-combustivel  e ração animal, a recóleo.
  

Outra iniciativa louvável que merece ser registrada é o Coletivo Praia Limpa, de alunos da UFSB que limpam as praias periodicamente.


Outro tópico que deve também ser debatido a destinação dos resíduos de construção

                                                            
Em certos Municípios já é lei, areia é vendida ensacada para evitar que vá parar nos cursos d'água


Boa parte dos resíduos sólidos das construções, em geral telhas, metais, gesso, tijolos, madeira, areia, não tem destino certo, em geral são descartados em terrenos baldios, margens de rios e até mesmo na periferia. Dados de pesquisa dão conta de que para metro quadrado de material de construção, são gerados 150 kilos de entulho. 



O acúmulo resulta em danos ambientais, tais como degradação do solo, obstrução de valas causando enchentes e ainda como incubador, vetor de doenças, dentre elas a dengue.


Este cenário é recorrente no Município de Porto Seguro, mas pode ser solucionado, de forma institucionalizada, promovendo sob o dispositivo legal vigente que dispõe da criação de um serviço de assistência técnica para a habitação social público, ou seja um SUS para arquitetura social.

A prática de assistir tecnicamente a população com menor renda  é consagrada no Direito, com a defensoria pública; na assistência social, na saúde; na educação  na segurança pública e agora,  a moradia faz parte deste grupo.

Os projetos desenvolvidos sem a presença de um profissional tendem a utilizar materiais além do demandado, uma casa bem projetada faz diferença para o meio ambiente. Uma moradia com princípios sustentáveis é capaz de gerar ao município uma economia de 60% no volume de entulho, além de ajudar na preservação das áreas verdes da cidade, com a racionalização de até 80% do terreno construído.


         Rua inundada, água levando os materiais como areia e outros para os cursos d'água. 




E você recicla?

     

Sabe-se que a questão do lixo depende também do grau de civilidade da população e não foi raro  encontrarmos durante os dias de campo nesta pesquisa a observar,  a consciência de que a Rua que se mora, por parte de alguns, não é vista como um bem comum, a extensão da casa.

      
Esta falta de vínculo com o coletivo faz com que  a Rua nada mais seja do que o lugar onde se coloca  os rejeitos fora e se transita por ela. Para manter a sensação de limpeza dentro de casa, se despeja o lixo na rua, independente se o caminhão de lixo já passou ou não, daí ser comum nas caminhadas matinais avistar urubus e cachorros disputando os restos fétidos putreficados do lixo da população indiferente a cena, que de tão comum só espantam os turistas...Nos dois sentidos

                                                                                            
                                       AS CIÊNCIAS DA TERRA

                
De acordo com Umberto G. Cordani, As Ciências da Terra e a mundialização das sociedades, os princípios da Agenda 21, o principal documento resultante da eco-92, que traçaram parâmetros e compromissos para o século XXI, firmados documentalmente por líderes mundiais,  a sociedade sustentável do futuro deverá mostrar um desenvolvimento econômico equilibrado, no mundo todo, em harmonia com os sistemas de suporte da vida, em nosso planeta.
                
As Ciências da Terra têm um papel crucial, visto que elas têm a responsabilidade da busca e do gerenciamento dos recursos minerais e energéticos, da conservação, do gerenciamento dos solos e da água,
              
 Monitoramento contínuo dos processos dinâmicos do Sistema Terra e da prevenção e mitigação dos desastres naturais.Solidariedade social em nível global é necessária para o alcance futuro de uma sociedade sustentável realmente equitativa e preocupada com a justiça social.
                 
Entretanto, as tendências atuais da globalização, sob o domínio dos grandes conglomerados transnacionais, são as de dar menor prioridade em face de assuntos como preservação ambiental e desenvolvimento econômico do Terceiro Mundo.
                
Tais tendências precisam ser revertidas, e os cientistas e profissionais das Ciências da Terra devem tornar-se proativos, em comunicar-se com políticos, educadores e o público em geral, no sentido de planejar adequadamente as atividades de desenvolvimento, evitando possíveis impactos desastrosos para o ambiente.

                             
                                        CONSIDERAÇÕES FINAIS

            
A proposta de identificar e diagnosticar, na possibilidade de num futuro próximo, aprofundar e ampliar o debate das políticas e práticas de sustentabilidade ambiental para a cidade de Porto Seguro, relacionados a este tema no componente Ciências Saberes e Práticas, de modo a poderem ser  conduzidas pela orientação docente , deu-nos uma pequena amostra do tamanho da responsabilidade requeridas aos que pretendem seguir a senda das Ciências Ambientais.
                  

Recordemos com Moscovici que as representações correspondem, “por um lado, à substância simbólica que entra na elaboração e, por outro, à prática que produz a dita substância (...)” (idem, 1978: p.41).

 Entender a dinâmica que forma essa interconexão auxilia, tanto em propostas de Educação Ambiental (e outras políticas ambientais), como na formação preparatória e continuada de profissionais que encerram as 162 questões  ambientais e suas interfaces, por serem representações muito intimamente ligadas à própria educação ambiental.
                
Sabendo que esta dinâmica está intimamente relacionada com a interação entre as próprias representações, valores e experiências, enfatizamos a necessidade de maiores estudos a respeito dessa interação e seus resultados. Considerando a questão ambiental como um campo de problematização moral (Puig, 1998) bastante ativo em nossa época, importa saber de que maneira os valores éticos vêm sendo articulados no referido campo.             
           
Podemos verificar que os profissionais da área carecem dessas estratégias, buscando construir uma sociedade sustentável, plena de sujeitos participativos, que se respeitem entre si e aos demais seres da Terra, valorizem a si próprios e a tudo que existe, buscando conviver da forma mais harmoniosa possível. A começar pelo nosso exemplo. E o local onde vivemos, e estudamos atualmente, nossa querida Porto Seguro.
 
É obrigação moral de todos nós, agilizarmos esse processo, posto que as mudanças climáticas andem bem mais rapidamente do que a burocracia dos que retém o real poder de efetivar políticas ambientalmente corretas, usando a escala apropriada para a natureza monumental dos problemas que impactam nossos ecossistemas de maneira degradante. 

Que a comunidade acadêmica faça a sua parte! Temos pouco tempo para tentar reter o processo de destruição total do abrigo comum de todos nós, o Planeta Terra. É o que a comunidade científica mundial afirma veementemente.             
  


                                 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS


CORDANI, U.G. A geologia do futuro. XIV Simpósio de Geologia do Nordeste, 1991. Atas. Sociedade Brasileira de Geologia, NE, Bol. n. 12, p. 9-12, 1991. 
Umberto G. Cordani, As Ciências da Terra e a mundialização das sociedades.
Goreau & MacFarlane 1990, Glynn 1993, Fitt et al. 1993, Brown 1997, Wilkinson et al. 1999, Michalek-Wagner & Willis 2001)
Primavera Silenciosa, Rachel Carson.
Muscatine 1990, Muller-Parker & D’Elia 1997, Stanley Jr. 2006)
Wilkinson, C. R. & Buddemeier, R. W. 1994. Global climate change and coral reefs: implications for people and reefs. Report of the UNEP-IOC-ASPEI-IUCN global task team on the implications of clime change on coral reefs. IUCN, Gland, Switzerland. 124pp
SCHENINI & NASCIMENTO, 2002 GESTÃO PÚBLICA SUSTENTÁVEL Pedro Carlos Schenini ; Daniel Trento do Nascimento ; 
Revista de Ciências da Administração 2002
GEOMORFOLOGIA DA COSTA DO DESCOBRIMENTO - EXTREMO SUL DA BAHIA: MUNICÍPIOS DE PORTO SEGURO E SANTA CRUZ CABRÁLIA Marcelo Eduardo Dantas,  Antonio Ivo de Menezes Medina, e Edgar Shinzato,
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAe6i0AD/geologia-relatorio-viagem-campo